Como funciona a faculdade na França? Entenda sem enrolação

Faculdades na França: públicas, privadas e os famosos instituts

Antes de qualquer coisa, é importante saber que o sistema de ensino superior francês não é igual ao brasileiro. Tipo, parece... mas quando você começa a viver mesmo, você percebe que tem umas diferenças bem malucas.

Na França, a maioria dos alunos entra em universidades públicas, que são quase de graça (vou explicar isso melhor já já). Mas também existem as “grandes écoles” e os “instituts”, que são mais seletivos e focados, tipo Engenharia, Direito, Administração.

Eu descobri isso só depois de quase me inscrever errado num curso, porque achei que “université” e “école” eram a mesma coisa. Spoiler: não são. Meu amigo Pierre (francês raiz) me salvou nessa.

Universidade pública

A porta de entrada mais comum. Menos seletiva, mais barata, com cursos bem variados. É onde a maioria dos estrangeiros acaba indo.

Grandes écoles

Essas são mais chiques, mais exigentes, e geralmente você precisa passar por dois anos de prépa (classes preparatórias). A galera que vai pra lá geralmente quer cargos top no mercado ou no governo.

Instituts universitaires de technologie (IUT)

Mais técnicos, dois anos de formação. Muita gente faz isso pra entrar rápido no mercado ou pra depois continuar a graduação.

Como é o processo de entrada na faculdade na França?

Estrangeiro pode estudar de boa?

Sim! Mas tem algumas etapas. Se você vem do Brasil, precisa geralmente:

• Ter o diploma do ensino médio traduzido

• Provar proficiência em francês (tipo o DELF ou TCF)

• Passar por uma plataforma chamada Parcoursup (pra quem já está na França) ou Études en France (pra quem tá ainda no Brasil)

Eu tive que fazer tudo pelo Études en France. Foi uma confusão no começo — perdi um prazo e tive que esperar mais um ano. Fiquei P da vida. Mas no fim deu certo. Hoje dou risada disso (mais ou menos rs).

O ensino é gratuito mesmo?

Olha, pra quem é europeu, sim. Pra gente, estrangeiros fora da União Europeia, existe uma taxa, mas comparado com o Brasil ou os EUA, ainda é bem barato. Tipo, entre €2.770 a €3.770 por ano em universidades públicas. Em grandes écoles, pode ser mais caro.

A estrutura do curso: o tal do LMD

Na França, eles usam um sistema chamado LMD:

• Licence (L) = 3 anos (tipo a graduação)

• Master (M) = mais 2 anos

• Doctorat (D) = doutorado, geralmente 3 anos ou mais

Simples na teoria, mas às vezes os nomes dos cursos confundem. Eu fiz um Licence en Sciences Sociales e achei que ia estudar sociologia pura. Acabou que tinha também economia, estatística... quase surtei no primeiro semestre.

Como são as aulas e o dia a dia?

Mais teoria, menos "professor explicando"

As aulas são divididas entre:

• Cours magistraux (CM): aula teórica, com o professor falando sem parar. Às vezes em auditório gigante.

• Travaux dirigés (TD): tipo seminários menores, mais participativos.

• Travaux pratiques (TP): mais comum em cursos técnicos ou científicos, com experimentos e mão na massa.

No começo, confesso que foi difícil acompanhar. Os professores não ficam explicando passo a passo. Você tem que ler muito sozinho, pesquisar, e ninguém vai atrás de você se faltar. Liberdade total, mas também responsabilidade total.

Ah, e as férias? Sim, tem! Mas o semestre voa, e às vezes rola prova bem no meio das "férias". Aprendi isso do pior jeito.

Vida universitária: é só estudo?

Festas, assos e Crous

Tem muita vida fora da sala de aula também. Existem as associações estudantis (chamadas de assos), que organizam eventos, debates, festas, tudo.

O CROUS (tipo um órgão do governo pros estudantes) oferece moradia, alimentação barata e até bolsa. Eu morei num résidence universitaire e comia no RU (restaurante universitário) por €3,30 por refeição. Não era banquete, mas quebrava um galho.

Trabalhar e estudar: dá pra conciliar?

Dá, mas tem que ter jogo de cintura. Muitos estudantes estrangeiros pegam trabalhos de meio período, tipo em cafés, supermercados ou como entregador. A carga horária permitida é de até 964 horas por ano (aproximadamente 20h por semana).

Eu trabalhei como auxiliar de biblioteca. Não pagava muito, mas dava pra cobrir o passe de metrô e ainda sobrava pra uns croissants no fim de semana

Conclusão: estudar na França é diferente, mas incrível

Se você está pensando em fazer faculdade na França, vá com mente aberta. O sistema é diferente, exige autonomia, e às vezes dá nó na cabeça. Mas também te ensina muito sobre independência, organização, e te coloca em contato com culturas do mundo todo.

Só... não deixa pra entender tudo na última hora, como eu fiz. Leia, pergunte, se organize. E se tiver um Pierre por perto — melhor ainda.

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