O que acontece com o corpo em um jejum de 16 horas?

Nos últimos anos, o jejum intermitente tem ganhado popularidade como uma estratégia para melhorar a saúde, perder peso e até aumentar a longevidade. Um dos métodos mais comuns é o jejum de 16 horas, também conhecido como protocolo 16/8, onde a pessoa fica sem comer por 16 horas e se alimenta dentro de uma janela de 8 horas.

Mas o que realmente acontece com o corpo durante essas 16 horas sem comida? Será que é seguro? Será que realmente funciona ou é só mais uma moda passageira? Vamos mergulhar nos detalhes.

Primeiras horas: o corpo ainda usa energia dos alimentos

Nas primeiras 4 a 6 horas após a última refeição, o corpo ainda está digerindo e absorvendo nutrientes. Durante esse período, a glicose dos alimentos circula na corrente sanguínea e fornece energia.

Se a refeição foi rica em carboidratos, a glicose será usada rapidamente. Se foi mais equilibrada, com proteínas e gorduras, a digestão será um pouco mais lenta, e a energia durará mais tempo.

Até aqui, nada de extraordinário acontece no corpo. Mas depois de algumas horas, quando os níveis de glicose começam a cair, as coisas começam a mudar.

De 6 a 10 horas: queda da insulina e mudança no metabolismo

Cerca de 6 a 10 horas após a última refeição, os níveis de insulina começam a cair. Isso é importante porque a insulina é o hormônio que sinaliza ao corpo para armazenar energia. Quando ela cai, o corpo entende que não há mais glicose suficiente disponível e começa a buscar outras fontes de energia.

O fígado então começa a liberar glicogênio, que é uma forma de armazenamento de glicose. Esse glicogênio garante que o cérebro e os músculos ainda tenham combustível para funcionar normalmente.

De 10 a 14 horas: o corpo começa a queimar gordura

Depois que o glicogênio armazenado é usado, o corpo precisa encontrar outra forma de energia. E é aqui que a mágica do jejum começa: o corpo passa a usar gordura armazenada como principal fonte de energia.

O fígado começa a converter essa gordura em corpos cetônicos, que são usados pelo cérebro e pelos músculos como combustível alternativo. Esse processo é conhecido como cetose leve, e muitas pessoas relatam uma sensação de clareza mental e energia durante essa fase.

Além disso, os níveis do hormônio noradrenalina aumentam, o que pode dar um leve impulso no metabolismo e ajudar na queima de gordura.

A partir das 14 horas: renovação celular e autofagia

Se o jejum se estende por mais de 14 horas, o corpo começa a entrar em um estado chamado autofagia, um processo incrível de "reciclagem celular".

Durante a autofagia, as células eliminam componentes danificados e resíduos acumulados, ajudando na renovação celular. Esse processo está relacionado a diversos benefícios para a saúde, como:

• Redução da inflamação
• Melhora na função celular
• Possível efeito protetor contra doenças neurodegenerativas

É como se o corpo aproveitasse essa pausa na digestão para fazer uma faxina interna e otimizar seu funcionamento.

Mas... é difícil jejuar por 16 horas?

A resposta depende da pessoa. No começo, pode ser desafiador, especialmente se você está acostumado a comer a cada poucas horas. Algumas pessoas sentem fome intensa, enquanto outras relatam que, depois de alguns dias, o corpo se adapta e o jejum se torna natural.

Aqui estão algumas dicas para facilitar:

• Beba bastante água – A hidratação ajuda a controlar a fome.
• Tome café ou chá sem açúcar – Além de serem permitidos, ajudam a reduzir o apetite.
• Mantenha-se ocupado – A fome muitas vezes é psicológica, então distração pode ajudar.
• Comece devagar – Se nunca fez jejum antes, tente começar com 12 horas e vá aumentando gradualmente.

Conclusão: vale a pena tentar?

O jejum de 16 horas pode trazer vários benefícios, como melhora no metabolismo, queima de gordura e renovação celular, além de ser uma abordagem simples para quem quer comer de forma mais consciente.

No entanto, ele não é para todo mundo. Se você tem condições médicas específicas, sente tontura ou fraqueza extrema ao ficar sem comer, talvez não seja a melhor opção para você. Sempre é bom ouvir o seu corpo e, se necessário, consultar um profissional de saúde antes de mudar sua rotina alimentar.

Mas se você se adapta bem ao jejum, ele pode ser uma ferramenta poderosa para melhorar sua relação com a comida e otimizar sua saúde. Afinal, às vezes, dar um tempo para o corpo pode ser o que ele mais precisa.

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