Quantos comprimidos de clonazepam de 2 mg posso tomar por dia? Uma conversa entre amigos sobre riscos e limites

Lembro perfeitamente do dia em que meu amigo Lucas chegou no bar, puxou uma cadeira e soltou um desabafo que nos deixou em silêncio:

— Cara, tô tomando Clonazepam já tem um tempo, e queria saber… tem um limite seguro pra isso?

A gente se entreolhou. Todo mundo já tinha ouvido falar do famoso "Rivotril", mas poucos realmente entendiam como ele funcionava. Eu mesmo, uns anos antes, tinha passado por uma fase difícil e o psiquiatra me prescreveu o medicamento. Na época, 0,5 mg já me deixava grogue. O Lucas, por outro lado, estava falando de 2 mg, e queria saber quantos comprimidos poderia tomar por dia sem problemas.

Foi aí que começou uma das conversas mais sinceras e informativas que já tive sobre ansiolíticos.

O que é o Clonazepam e para que serve?

O Clonazepam, famoso por nomes comerciais como Rivotril, pertence à família dos benzodiazepínicos. Ele age no sistema nervoso central, aumentando a ação do GABA (ácido gama-aminobutírico), um neurotransmissor que reduz a atividade cerebral, trazendo uma sensação de calma.

Ele é prescrito para tratar transtornos de ansiedade, crises epilépticas, insônia e até síndromes como o transtorno do pânico. Mas, como qualquer remédio desse tipo, a automedicação pode ser perigosa.

Qual é a dosagem segura de Clonazepam?

A resposta que demos ao Lucas foi simples: só um médico pode dizer o que é seguro para cada pessoa. Mas, claro, a gente começou a trocar experiências sobre o que já tinha ouvido e vivido.

O que dizem os médicos?

• A dose inicial recomendada para ansiedade normalmente é de 0,25 mg a 0,5 mg, duas vezes ao dia.
• Para transtornos mais graves, a dose pode ser ajustada até 2 mg a 4 mg por dia, divididos em duas ou três tomadas.
• Para epilepsia, as doses podem ser ainda mais altas, chegando a 20 mg por dia, mas isso é para casos específicos e sob rígido acompanhamento médico.

O problema não é só a quantidade, mas a tolerância e dependência. Meu outro amigo, João, contou que começou com 0,5 mg à noite, mas depois de um ano já precisava de 2 mg para sentir o mesmo efeito.

— Eu achava que controlava a parada — ele disse, mexendo no copo — até o dia em que esqueci de tomar e tive uma crise de abstinência bizarra.

Isso me lembrou de um estudo que li: pesquisas indicam que o uso prolongado pode levar à dependência física e psicológica em poucas semanas.

O que acontece se tomar mais do que o recomendado?

A gente foi ficando mais sério conforme o papo avançava. O Lucas perguntou:

— E se alguém tomar 6 mg, 8 mg? O que acontece?

As respostas foram unânimes: é muito arriscado.

Os efeitos colaterais mais comuns incluem:

• Sonolência extrema
• Perda de coordenação
• Dificuldade para respirar
• Confusão mental
• Dependência e abstinência severa

Em casos mais graves, pode levar a coma e parada respiratória, principalmente se misturado com álcool ou outros depressores do sistema nervoso.

O perigo do efeito rebote e da abstinência

O João compartilhou a experiência dele ao tentar parar:

— Achei que era tranquilo, parei do nada. No dia seguinte, parecia que minha ansiedade tinha triplicado, tive tremores e até um mini ataque de pânico.

Isso acontece porque, quando o corpo se acostuma com o Clonazepam, ele "desliga" parte da produção natural de GABA. Quando o remédio sai do sistema, o cérebro fica desprotegido, resultando no efeito rebote — que pode ser ainda pior do que a ansiedade inicial.

Dá para tomar Clonazepam de forma segura?

O consenso ali no bar foi: sim, mas com acompanhamento médico e responsabilidade. O remédio pode ser um aliado poderoso, mas só se usado corretamente.

No fim da conversa, o Lucas ficou pensativo:

— Então, se eu tomar 2 mg, só posso dividir em duas ou três doses no dia?

— Exatamente — respondi. — Mas mais importante do que quantos comprimidos você pode tomar é: por que você quer tomar?

Ele deu um gole na cerveja e sorriu:

— Boa pergunta.

Talvez esse seja o ponto principal: o Clonazepam não deve ser um escape, mas uma ferramenta de tratamento. E, como qualquer ferramenta poderosa, o uso irresponsável pode trazer mais estragos do que benefícios.

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