O que sente na eutanásia? Entenda o que acontece no corpo e na mente

O que é exatamente a eutanásia?

Antes de mais nada, vale esclarecer: a eutanásia é o ato de provocar a morte de uma pessoa, geralmente a pedido dela, para aliviar um sofrimento insuportável. Costuma ser aplicada em pacientes com doenças terminais, em estágio avançado e irreversível.

Existem diferentes formas: pode ser ativa (administração de substâncias letais) ou passiva (retirada de tratamentos que prolongam a vida). E não, não é legalizada em todo lugar — apenas em alguns países como Holanda, Bélgica, Suíça, Canadá, entre outros.

Mas a pergunta que todo mundo faz, com certo medo e curiosidade: o que a pessoa sente, de verdade, durante esse processo?

O processo da eutanásia passo a passo

Como é feito?

Na forma mais comum (eutanásia ativa com assistência médica), o protocolo costuma seguir etapas bem definidas:

1. Administração de um sedativo potente — geralmente midazolam — para induzir o sono profundo.

2. Em seguida, vem um agente anestésico (como propofol), que aprofunda ainda mais o estado de inconsciência.

3. Por fim, é aplicado um fármaco que interrompe a função cardíaca ou respiratória, como o rocurônio ou pancurônio.

Tudo isso é feito com supervisão médica, em ambiente controlado. É bem diferente de outras formas de morte — aqui, a intenção é exatamente garantir ausência de dor e sofrimento.

O que a pessoa sente... ou deixa de sentir

Sensações físicas

A verdade? Muito pouco — ou nada. Quando o processo é bem conduzido (como deve ser), a pessoa:

• Adormece rapidamente

• Entra em sono profundo e sedação total

• Não sente dor física nem desconforto

• Morre com o corpo em total relaxamento

É parecido com uma anestesia geral. Você “apaga” sem saber exatamente quando, e não sente absolutamente nada.

E o aspecto emocional?

Aí o bicho pega, né?

Antes da sedação, há sim um turbilhão emocional possível: medo, alívio, paz, ansiedade… tudo junto e misturado. Muitos pacientes relatam, nos momentos finais antes do procedimento:

• Uma certa tranquilidade, por saberem que o sofrimento vai acabar

• Gratidão aos familiares

• Dúvidas de última hora (o que é totalmente humano)

Tem um relato famoso de um paciente canadense que pediu eutanásia por causa de um câncer ósseo brutal. Minutos antes da aplicação, ele virou pro médico e disse: “Não é que eu tenha medo de morrer. Eu só não quero sair com dor.”

E isso resume bem o ponto.

É possível sentir arrependimento?

Tecnicamente, uma vez iniciada a sedação profunda, não há mais volta. Mas alguns pacientes, nas horas ou dias que antecedem, podem expressar certa ambivalência. Por isso, o protocolo exige que o pedido seja:

• Feito de forma repetida, em diferentes dias

• Confirmado por mais de um profissional

• E em alguns países, até por um comitê ético

A ideia é garantir que seja uma escolha consciente e consistente.

O que dizem os médicos?

Muitos profissionais que acompanham eutanásias relatam que, visualmente, o processo parece extremamente pacífico. Não há agitação, espasmos ou sofrimento visível. Em alguns casos, o paciente até sorri antes de dormir.

Mas não vamos romantizar — cada caso é único. O preparo emocional, o apoio familiar, e até questões espirituais influenciam como a pessoa vive esse momento final.

Conclusão: eutanásia e a busca por uma morte sem dor

Sentir dor na eutanásia? Muito improvável. O objetivo é justamente o oposto: garantir uma morte digna, serena e indolor.

O que se sente, então? Um último alívio. Uma entrega. Talvez medo, talvez paz. Ou os dois.

Falar de morte nunca é fácil. Mas entender o que acontece de verdade — sem tabus — ajuda a tirar o peso do desconhecido. Porque às vezes, o maior sofrimento não está no corpo… mas no não saber.

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