Quem faz bariátrica pode comer de tudo mesmo?

A dúvida que não quer calar (e que muita gente esconde)

Sabe aquela conversa desconfortável que ninguém quer ter, mas todo mundo pensa? Então, essa aqui é uma delas. Porque, olha… eu mesma já ouvi umas dez versões diferentes dessa história. Uns falam: “Ah, depois da bariátrica, a pessoa come de tudo, só que menos.” Outros juram que tem coisa que nunca mais pode passar perto.

Recentemente, uma amiga minha, a Carla, fez a cirurgia. Tava animada, determinada, mas cheia de medo também. E uma das primeiras perguntas que ela me fez foi: “Será que vou poder comer pizza de novo?” E eu entendi aquele medo. Porque não é só comida, né? É memória, prazer, vida social...

Então vamos responder de uma vez por todas — com sinceridade, sem enrolação médica demais, e com um pé na realidade.

O que muda na alimentação depois da bariátrica?

Spoiler: tudo muda. Mas nem sempre do jeito que você pensa

Logo após a cirurgia, o estômago vira um bebê. Literalmente. Ele aceita muito pouco e reclama fácil. Tem uma fase líquida, depois pastosa, depois sólida. E cada uma vem com suas regras.

Carla me contou que, nas primeiras semanas, um simples gole de sopa meio grosso demais dava náusea. “Parece que o corpo desaprende a comer”, ela disse. E olha… é isso mesmo. Você reaprende. Devagar.

Com o tempo, o estômago vai se adaptando. Mas não volta ao “normal” de antes. A saciedade chega rápido, e alguns alimentos viram vilões pra sempre (ou quase).

Tem alimentos proibidos pra sempre?

Sim. Ou melhor: “fortemente desaconselhados”

Tem uma listinha negra que a maioria dos nutricionistas bariátricos repete:

• Refrigerantes (a gás pode distender o estômago, perigoso mesmo)

• Doces muito açucarados (pode causar dumping, um mal-estar bizarro que vem de repente – Carla descreveu como “parece que a alma vai sair do corpo”)

• Frituras pesadas

• Álcool (além de bater mais rápido, também atrapalha o metabolismo e o emocional)

Mas aí entra uma coisa: não é que o paciente não possa nunca mais provar nada disso. O ponto é que o risco passa a não valer o prazer.

Eu vi Carla experimentar um brigadeiro no aniversário da sobrinha. Um só. Comeu devagar, fez uma pausa, respirou. E ficou enjoada. Aquele brigadeiro virou um alerta ambulante. “Valeu? Mais ou menos”, ela disse.

Dá pra “comer de tudo”, só que em quantidades pequenas?

Teoricamente sim. Mas não é tão simples assim

Muita gente pensa que a bariátrica é só uma redução de volume. Tipo: “ah, vou comer tudo igual, só metade da pizza em vez de inteira.” Mas na real, o corpo muda de verdade — no metabolismo, na digestão, na sensibilidade ao açúcar, à gordura...

O paladar até pode mudar. Carla, por exemplo, perdeu totalmente o gosto por carne vermelha. “Fica pesada, difícil de digerir... prefiro frango ou peixe agora”, me contou.

Então sim, comer de tudo pode acontecer — mas:

1. Em porções minúsculas

2. Com mastigação de monge budista

3. E aceitando que algumas coisas vão cair mal, ponto final

O lado emocional: comida não é só caloria

E aqui o bicho pega mesmo

A maior batalha, segundo Carla, não foi com o estômago. Foi com a cabeça. Ela me disse que “sentia fome de memória”. Tipo: o corpo tava cheio, mas a mente pedia mais.

E é aí que entra o risco real: a substituição de vícios. A pessoa que antes comia pra aliviar ansiedade, pode acabar buscando isso em outros lugares — compras, álcool, compulsões.

Por isso, o acompanhamento psicológico é tão importante quanto o nutricional. Ninguém fala muito disso, mas devia ser obrigatório.

Conclusão: pode comer de tudo? Depende do que você chama de “tudo”

A resposta mais honesta é: quem faz bariátrica pode sim comer muita coisa. Com tempo, cuidado, orientação e autoconhecimento. Mas dizer que vai voltar a comer como antes, só que em porções menores? Não, isso é ilusão.

A bariátrica muda o corpo e a mente. Pra melhor? Na maioria dos casos, sim. Mas é um novo começo, não um botão de reset.

E se você tá pensando em fazer, ou conhece alguém que fez… tenha compaixão. Pergunte, escute, não julgue.

E nunca subestime o poder de um brigadeiro. Nem o peso emocional que ele pode carregar.

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